REVISÃO - AVALIAÇÃO BIMESTRAL 3º TA e TB - Junho 2015
Instruções e dicas para redigir a redação:
- Norma padrão da língua (sem gírias,
abreviações e “internetês” – linguagem utilizada na internet);
- Desenvolver parágrafos:
Introdução, desenvolvimento, conclusão/solução possível;
- Título (diferente do tema);
- Argumentar, expor ideias e defender sua
tese, seu pensamento, opinião;
- Dar uma possível solução ao problema
exposto.
- Lembrar que existe “um leitor”, você não
escreve para você. Deve persuadir, convencer seu leitor sobre o que pensa.
- Não utilizar “eu” (primeira
pessoa), mas eles ou nós.
Ser impessoal e imparcial.
- Padrão: de 15 a 30 linhas, à caneta.
Lembrar sobre os gêneros textuais:
- A notícia e a reportagem informam, noticiam, trazem fatos, não
expõem opinião.
- O artigo de opinião deve conter a opinião e argumentos do
autor.
- A crônica é um texto narrativo de fatos do cotidiano
(dia-a-dia), o final não é o mais importante, o principal é a crítica/reflexão
ao comportamento humano, contida no enredo.
Textos lidos, comentados em sala de aula:
ARTIGO DE OPINIÃO:
I
Mídia e o culto à beleza do corpo
Há nas sociedades contemporâneas uma intensificação do culto ao
corpo, onde os indivíduos experimentam uma crescente preocupação com a imagem e
a estética.
Entendida como consumo cultural, a prática do culto ao corpo coloca-se
hoje como preocupação geral, que perpassa todas as classes sociais e faixas
etárias, apoiada num discurso que ora lança mão da questão estética, ora da
preocupação com a saúde.
Segundo Pierre Bourdieu, sociólogo francês, a linguagem corporal é marcadora
pela distinção social, que coloca o consumo alimentar, cultural e forma de
apresentação – como o vestuário, higiene, cuidados com a beleza etc. – como os
mais importantes modos de se distinguir dos demais indivíduos.
Nas sociedades modernas há uma crescente preocupação com o
corpo, com a dieta alimentar e o consumo excessivo de cosméticos, impulsionados
basicamente pelo processo de massificação das mídias a partir dos anos 1980,
onde o corpo ganha mais espaço, principalmente nos meios midiáticos. Não por
acaso que foi nesse período que surgiram as duas maiores revistas brasileiras
voltados para o tema: “Boa Forma” (1984) e “Corpo a Corpo” (1987).
Contudo, foi o cinema de Hollywood que ajudou a criar novos
padrões de aparência e beleza, difundindo novos valores da cultura de consumo e
projetando imagens de estilos de vida glamorosos para o mundo inteiro.
Da mesma forma, podemos pensar em relação à televisão, que
veicula imagens de corpos perfeitos através dos mais variados formatos de
programas, peças publicitárias, novelas, filmes etc. Isso nos leva a pensar que
a imagem da “eterna” juventude, associada ao corpo perfeito e ideal, atravessa
todas as faixas etárias e classes sociais, compondo de maneiras diferentes
diversos estilos de vida. Nesse sentido, as fábricas de imagens como o cinema,
televisão, publicidade, revistas etc., têm contribuído para isso.
Os programas de televisão, revistas e jornais têm dedicado
espaços em suas programações cada vez maiores para apresentar novidades em
setores de cosméticos, de alimentação e vestuário. Propagandas veiculadas
nessas mídias estão o tempo todo tentando vender o que não está disponível nas
prateleiras: sucesso e felicidade.
O consumismo desenfreado gerado pela mídia em geral foca
principalmente adolescentes como alvos principais para as vendas, desenvolvendo
modelos de roupas estereotipados, a indústria de cosméticos lançando a cada dia
novos cremes e géis redutores para eliminar as “formas indesejáveis” do corpo e
a indústria farmacêutica faturando alto com medicamentos que inibem o apetite.
Preocupados com a busca desenfreada da “beleza perfeita” e pela
vaidade excessiva, sob influência dos mais variados meios de comunicação, a
Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica apresenta uma estimativa de que cerca
de 130 mil crianças e adolescentes submeteram-se no ano de 2009 a operações
plásticas.
Evidentemente que a existência de cuidados com o corpo não é
exclusividade das sociedades contemporâneas e que devemos ter uma especial
atenção para uma boa saúde. No entanto, os cuidados com o corpo não devem ser
de forma tão intensa e ditatorial como se tem apresentado nas últimas décadas.
Devemos sempre respeitar os limites do nosso corpo e a nós a mesmos.
Orson Camargo
Colaborador do site Brasil Escola
Graduado em Sociologia e Política pela Escola de Sociologia e Política de São
Paulo – FESPSP
Mestre em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP
Disponível em: http://www.brasilescola.com/sociologia/a-influencia-midia-sobre-os-padroes-beleza.htm
II
A
busca pelo corpo perfeito
A
busca pelo corpo ideal vem ganhando espaço em todas as camadas da sociedade
brasileira. A procura é tão grande, que o país já alcançou o segundo lugar no
ranking dos países com maior número de cirurgias plásticas. Em Gaspar, nossa
equipe de reportagem constatou que a situação é semelhante. Muitas mulheres, e
inclusive homens, se arriscam em mesas de cirurgia todos os anos para garantir
a conquista do corpo ideal.
Essa busca,
garantem os especialistas, não é arriscada, porém, deve ser controlada. Muitas
pessoas fazem mais de uma lipoaspiração por ano, por exemplo, fato que pode
gerar riscos para a saúde.
Cuidar do corpo
e sentir-se bem é um direito e dever de todos, porém, vale lembrar que além das
intervenções cirúrgicas, manter uma alimentação saudável e praticar exercícios
regularmente, são atitudes que também contribuem para a conquista do corpo
ideal e estas, com certeza, não oferecem riscos. Além disso, o corpo ideal só
terá validade se a pessoa estiver bem consigo mesma, portanto, cuidar do
espírito e da alma também são atitudes importantes.
Fernanda Pereira tem 26 anos, é jornalista e atua
como chefe de redação no Jornal Cruzeiro do Vale, da cidade de Gaspar, SC (informações da época da edição do texto).
CRÔNICA:
O padeiro
Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho
a chaleira no fogo para fazer café e abro a porta do apartamento - mas não
encontro o pão costumeiro. No mesmo instante me lembro de ter lido alguma coisa
nos jornais da véspera sobre a "greve do pão dormido". De resto não é
bem uma greve, é um lock-out, greve dos patrões, que suspenderam o trabalho
noturno; acham que obrigando o povo a tomar seu café da manhã com pão dormido
conseguirão não sei bem o que do governo.
Está bem. Tomo o meu café com pão
dormido, que não é tão ruim assim. E enquanto tomo café vou me lembrando de um
homem modesto que conheci antigamente. Quando vinha deixar o pão à porta do
apartamento ele apertava a campainha, mas, para não incomodar os moradores,
avisava gritando:
- Não é ninguém, é o padeiro!
Interroguei-o uma vez: como tivera a
idéia de gritar aquilo?
"Então você não é ninguém?"
Ele abriu um sorriso largo. Explicou
que aprendera aquilo de ouvido. Muitas vezes lhe acontecera bater a campainha
de uma casa e ser atendido por uma empregada ou outra pessoa qualquer, e ouvir
uma voz que vinha lá de dentro perguntando quem era; e ouvir a pessoa que o
atendera dizer para dentro: "não é ninguém, não senhora, é o
padeiro". Assim ficara sabendo que não era ninguém...
Ele me contou isso sem mágoa
nenhuma, e se despediu ainda sorrindo. Eu não quis detê-lo para explicar que
estava falando com um colega, ainda que menos importante. Naquele tempo eu
também, como os padeiros, fazia o trabalho noturno. Era pela madrugada que
deixava a redação de jornal, quase sempre depois de uma passagem pela oficina -
e muitas vezes saía já levando na mão um dos primeiros exemplares rodados, o
jornal ainda quentinho da máquina, como pão saído do forno.
Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele
tempo! E às vezes me julgava importante porque no jornal que levava para casa,
além de reportagens ou notas que eu escrevera sem assinar, ia uma crônica ou
artigo com o meu nome. O jornal e o pão estariam bem cedinho na porta de cada
lar; e dentro do meu coração eu recebi a lição de humildade daquele homem entre
todos útil e entre todos alegre; "não é ninguém, é o padeiro!"
E assobiava pelas escadas.
Texto extraído do livro:
Para gostar de ler, Vol I -Crônicas .
Carlos Drummond de Andrade, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Rubem Braga.
12ª Edição. Editora Ática . São Paulo.1989. p.63 - 64.
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Biografia
Rubem Braga (1913-1990) foi cronista, poeta,
repórter, tradutor e crítico de artes plásticas.
Escreveu grandes obras como: Casa do
Braga, O Conde e o Passarinho eTrês Primitivos .
Tornou-se conhecido do grande público ao
escrever crônicas em jornais de grande circulação.
Nesta crônica, Rubem Braga retrata um fato
do cotidiano porém a maneira de tratar o fato dá a essa crônica a
característica da universalidade que distingue o autor tornando-o um renovador
da crônica brasileira.
Texto disponível em:
http://tvcultura.cmais.com.br/aloescola/literatura/cronicas/rubembraga.htm
CONTO:
Fita Verde no Cabelo - Nova Velha Estória.
Havia uma
aldeia em algum lugar, nem maior nem menor, com velhos e velhas que velhavam,
homens e mulheres que esperavam, e meninos e meninas que nasciam e cresciam.
Todos com
juízo, suficientemente, menos uma meninazinha, a que por enquanto. Aquela, um
dia, saiu de lá, com uma fita verde inventada no cabelo.
Sua mãe
mandara-a, com um cesto e um pote, à avó, que a amava, a uma outra e quase
igualzinha aldeia.
Fita-Verde
partiu, sobre logo, ela a linda, tudo era uma vez. O pote continha um doce em
calda, e o cesto estava vazio, que para buscar framboesas.
Daí, que,
indo, no atravessar o bosque, viu só os lenhadores, que por lá lenhavam; mas o
lobo nenhum, desconhecido nem peludo. Pois os lenhadores tinham exterminado o
lobo.
Então, ela,
mesma, era quem se dizia:
– Vou à
vovó, com cesto e pote, e a fita verde no cabelo, o tanto que a mamãe me
mandou.
A aldeia e
a casa esperando-a acolá, depois daquele moinho, que a gente pensa que vê, e
das horas, que a gente não vê que não são.
E ela mesma
resolveu escolher tomar este caminho de cá, louco e longo, e não o outro,
encurtoso. Saiu, atrás de suas asas ligeiras, sua sombra também vinha-lhe
correndo, em pós.
Divertia-se
com ver as avelãs do chão não voarem, com inalcançar essas borboletas nunca em
buquê nem em botão, e com ignorar se cada uma em seu lugar as plebeinhas
flores, princesinhas e incomuns, quando a gente tanto por elas passa.
Vinha
sobejadamente.
Demorou,
para dar com a avó em casa, que assim lhe respondeu, quando ela, toque, toque,
bateu:
– Quem é?
– Sou eu… –
e Fita-Verde descansou a voz. – Sou sua linda netinha, com cesto e pote, com a
fita verde no cabelo, que a mamãe me mandou.
Vai, a avó,
difícil, disse: – Puxa o ferrolho de pau da porta, entra e abre. Deus te
abençoe. Fita-Verde assim fez, e entrou e olhou.
A avó
estava na cama, rebuçada e só. Devia, para falar agagado e fraco e rouco,
assim, de ter apanhado um ruim defluxo. Dizendo: – Depõe o pote e o cesto na
arca, e vem para perto de mim, enquanto é tempo.
Mas agora
Fita-Verde se espantava, além de entristecer-se de ver que perdera em caminho
sua grande fita verde no cabelo atada; e estava suada, com enorme fome de
almoço. Ela perguntou:
–
Vovozinha, que braços tão magros, os seus, e que mãos tão trementes!
– É porque
não vou poder nunca mais te abraçar, minha neta… – a avó murmurou.
–
Vovozinha, mas que lábios, aí, tão arroxeados!
– É porque
não vou nunca mais poder te beijar, minha neta… – a avó suspirou.
–
Vovozinha, e que olhos tão fundos e parados, nesse rosto encovado, pálido?
– É porque
já não estou te vendo, nunca mais, minha netinha… – a avó ainda gemeu.
Fita-Verde
mais se assustou, como se fosse ter juízo pela primeira vez. Gritou:
– Vovozinha, eu tenho medo do Lobo!…
Mas a avó
não estava mais lá, sendo que demasiado ausente, a não ser pelo frio, triste e
tão repentino corpo.
(ROSA, João Guimarães. Livros
para ler e reler. 13ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.1992)