terça-feira, 8 de setembro de 2015

ATIVIDADE AVALIATIVA – REPOSIÇÃO DE ATIVIDADE DAS AULAS DOS DIAS 04 E 08/09 – 3º G e F

ATIVIDADE AVALIATIVA – REPOSIÇÃO DE ATIVIDADE DAS AULAS DOS DIAS 04 E 08/09 – 3º G e F

PRODUÇÃO TEXTUAL (conclusão das atividades do texto “ O meu guri”)

Transformar o gênero musical, a letra da canção “ O meu guri”, em uma crônica (uma narrativa, escrita em prosa).

Atenção aos detalhes:
- Seja criativo na produção textual, porém mantenha o mesmo conteúdo e personagens.

- Não esqueça que o “narrador” da história é a mãe do guri e ela está conversando com o “seu moço”, supostamente um policial.

- Lembre-se dos elementos da narrativa (verifique a atividade anterior).

- Lembre-se que o começo e o final da crônica não são relevantes, mas a ação principal da personagem e a crítica ao comportamento humano não podem faltar.

- Entregar manuscrito, em folha com nome, nº e série.
- ENTREGAR ATÉ O DIA 11/09


O Meu Guri 
(Chico Buarque - 1981) 

Quando, seu moço, nasceu meu rebento
Não era o momento dele rebentar
Já foi nascendo com cara de fome
E eu não tinha nem nome pra lhe dar

Como fui levando não sei lhe explicar
Fui assim levando ele a me levar
E na sua meninice, ele um dia me disse
Que chegava lá

Olha aí! Olha aí!
Olha aí!
Ai, o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega

Chega suado e veloz do batente
Traz sempre um presente pra me encabular
Tanta corrente de ouro, seu moço
Que haja pescoço pra enfiar

Me trouxe uma bolsa já com tudo dentro
Chave, caderneta, terço e patuá
Um lenço e uma penca de documentos
Pra finalmente eu me identificar
Olha aí!

Olha aí!
Ai, o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega!

Chega no morro com carregamento
Pulseira, cimento, relógio, pneu, gravador
Rezo até ele chegar cá no alto
Essa onda de assaltos está um horror

Eu consolo ele, ele me consola
Boto ele no colo pra ele me ninar
De repente acordo, olho pro lado
E o danado já foi trabalhar
Olha aí!

Olha aí!
Ai o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega!

Chega estampado, manchete, retrato
Com venda nos olhos, legenda e as iniciais
Eu não entendo essa gente, seu moço
Fazendo alvoroço demais

O guri no mato, acho que tá rindo
Acho que tá lindo de papo pro ar
Desde o começo eu não disse, seu moço!
Ele disse que chegava lá

Olha aí! Olha aí!
Olha aí!
Ai, o meu guri, olha aí
Olha aí!
É o meu guri!

Olha aí!
Ai, o meu guri, olha aí
Olha aí!

É o meu guri!



quarta-feira, 2 de setembro de 2015

ATIVIDADE 3º G e F - Dia 01/09/15 - O Meu Guri


ATIVIDADE – 3º G e F – Dia 01/09/15

Após a análise do texto, responda as questões:



1)    Identifique os elementos da narrativa, presentes na música:
- Personagens
- Espaço
- Tempo (presente, futuro, etc)
- Ação (acontecimento principal)
- “Narrador” (no gênero música temos o eu-lírico, “quem conta” algo para o leitor). Dê as características possíveis e cabíveis sobre ele.


2) Qual é o final do “guri”? Justifique com elementos do texto.


Lembretes:

- O gênero textual é letra de música, mas ela contém uma narrativa, uma crônica, sendo contada ao leitor.
- Ao analisar o texto, lembrar que o contexto da composição é a década de 80, portanto, ater-se aos detalhes dos costumes e da sociedade da época.

3º G: ENTREGAR ATÉ 08/09!

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O Meu Guri 
( Chico Buarque - 1981) 

Quando, seu moço, nasceu meu rebento
Não era o momento dele rebentar
Já foi nascendo com cara de fome
E eu não tinha nem nome pra lhe dar

Como fui levando não sei lhe explicar
Fui assim levando ele a me levar
E na sua meninice, ele um dia me disse
Que chegava lá

Olha aí! Olha aí!
Olha aí!
Ai, o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega

Chega suado e veloz do batente
Traz sempre um presente pra me encabular
Tanta corrente de ouro, seu moço
Que haja pescoço pra enfiar

Me trouxe uma bolsa já com tudo dentro
Chave, caderneta, terço e patuá
Um lenço e uma penca de documentos
Pra finalmente eu me identificar
Olha aí!

Olha aí!
Ai, o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega!

Chega no morro com carregamento
Pulseira, cimento, relógio, pneu, gravador
Rezo até ele chegar cá no alto
Essa onda de assaltos está um horror

Eu consolo ele, ele me consola
Boto ele no colo pra ele me ninar
De repente acordo, olho pro lado
E o danado já foi trabalhar
Olha aí!

Olha aí!
Ai o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega!

Chega estampado, manchete, retrato
Com venda nos olhos, legenda e as iniciais
Eu não entendo essa gente, seu moço
Fazendo alvoroço demais

O guri no mato, acho que tá rindo
Acho que tá lindo de papo pro ar
Desde o começo eu não disse, seu moço!
Ele disse que chegava lá

Olha aí! Olha aí!
Olha aí!
Ai, o meu guri, olha aí
Olha aí!
É o meu guri!

Olha aí!
Ai, o meu guri, olha aí
Olha aí!

É o meu guri!

quinta-feira, 30 de julho de 2015

MÁRIO QUINTANA completaria 109 anos hoje, 30/07/15!





Mario Quintana nasceu em 1906 na cidade de Alegrete (RS). Terminou seus estudos no Colégio Militar de Porto Alegre e aos 18 anos começou a trabalhar na Livraria do Globo. A partir dos anos 1930, vive do jornalismo e de traduções. Seus livros se sucedem: A rua dos Cataventos (1940), Canções (1946), Sapato florido (1948), O aprendiz de feiticeiro (1950) e Espelho Mágico (1951), consagrando-o entre os grandes nomes da poesia brasileira.

Em 1962, sai o volume de suas Poesias completas e, em 1966, a Antologia de seus poemas organizada por Rubem Braga e Paulo Mendes Campos. Nos anos seguintes, publica livros marcantes, como Apontamentos de história sobrenatural (1976) e A vaca e o hipogrifo (1977). Em 1980, recebe o prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras. Falece aos 88 anos, em 1994.

Sua obra é marcada por um terno lirismo, combinando intuição e reflexão, aliando poesia e crônica, buscando o sublime via prosa do mundo. Poesia universal, para saber de cor.




sexta-feira, 12 de junho de 2015

Instruções para o Trabalho de Língua Portuguesa 3° TA - TB

Instruções para o Trabalho de Língua Portuguesa

Tema: Literatura
- O que é Literatura ? (resumir com as “suas palavras”)

- Movimento Pré-Modernista e a Semana de Arte Moderna de 1922. Resumo sobre o que foi e citar alguns autores, artistas importantes do período.

- Movimento Modernista Geração de 1930-1945. Um resumo sobre o que foi e citar alguns autores e obras consagrados.

* Não fazer cópia, mas ler, pesquisar e resumir com as “suas palavras”, resumo simples. Não é a quantidade, mas a qualidade e entendimento que serão cobradas.

* Estrutura:
- Capa: Nome, nº , série, disciplina;
- Introdução (sobre o que é o trabalho);
- Desenvolvimento (o tema);
- Conclusão (o que achou, pesquisou, pensou, aprendeu);
- Bibliografia (fontes);
- Manuscrito, SEM CÓPIAS!;

- Para 16/06. 

quinta-feira, 11 de junho de 2015

REVISÃO - AVALIAÇÃO BIMESTRAL 3º TA e TB

REVISÃO - AVALIAÇÃO BIMESTRAL 3º TA e TB - Junho 2015

Instruções e dicas para redigir a redação:
- Norma padrão da língua (sem gírias, abreviações e “internetês” – linguagem utilizada na internet);
- Desenvolver parágrafos:  Introdução, desenvolvimento, conclusão/solução possível;
- Título (diferente do tema);
- Argumentar, expor ideias e defender sua tese, seu pensamento, opinião;
- Dar uma possível solução ao problema exposto.
- Lembrar que existe “um leitor”, você não escreve para você. Deve persuadir, convencer seu leitor sobre o que pensa.
- Não utilizar “eu” (primeira pessoa), mas eles ou nós. Ser impessoal e imparcial.
- Padrão: de 15 a 30 linhas, à caneta.

Lembrar sobre os gêneros textuais:

- A notícia e a reportagem informam, noticiam, trazem fatos, não expõem opinião.
- O artigo de opinião deve conter a opinião e argumentos do autor.
- A crônica é um texto narrativo de fatos do cotidiano (dia-a-dia), o final não é o mais importante, o principal é a crítica/reflexão ao comportamento humano, contida no enredo.

Textos lidos, comentados em sala de aula:

ARTIGO DE OPINIÃO:

I
Mídia e o culto à beleza do corpo
Há nas sociedades contemporâneas uma intensificação do culto ao corpo, onde os indivíduos experimentam uma crescente preocupação com a imagem e a estética.
Entendida como consumo cultural, a prática do culto ao corpo coloca-se hoje como preocupação geral, que perpassa todas as classes sociais e faixas etárias, apoiada num discurso que ora lança mão da questão estética, ora da preocupação com a saúde.
Segundo Pierre Bourdieu, sociólogo francês, a linguagem corporal é marcadora pela distinção social, que coloca o consumo alimentar, cultural e forma de apresentação – como o vestuário, higiene, cuidados com a beleza etc. – como os mais importantes modos de se distinguir dos demais indivíduos.
Nas sociedades modernas há uma crescente preocupação com o corpo, com a dieta alimentar e o consumo excessivo de cosméticos, impulsionados basicamente pelo processo de massificação das mídias a partir dos anos 1980, onde o corpo ganha mais espaço, principalmente nos meios midiáticos. Não por acaso que foi nesse período que surgiram as duas maiores revistas brasileiras voltados para o tema: “Boa Forma” (1984) e “Corpo a Corpo” (1987).
Contudo, foi o cinema de Hollywood que ajudou a criar novos padrões de aparência e beleza, difundindo novos valores da cultura de consumo e projetando imagens de estilos de vida glamorosos para o mundo inteiro.
Da mesma forma, podemos pensar em relação à televisão, que veicula imagens de corpos perfeitos através dos mais variados formatos de programas, peças publicitárias, novelas, filmes etc. Isso nos leva a pensar que a imagem da “eterna” juventude, associada ao corpo perfeito e ideal, atravessa todas as faixas etárias e classes sociais, compondo de maneiras diferentes diversos estilos de vida. Nesse sentido, as fábricas de imagens como o cinema, televisão, publicidade, revistas etc., têm contribuído para isso.
Os programas de televisão, revistas e jornais têm dedicado espaços em suas programações cada vez maiores para apresentar novidades em setores de cosméticos, de alimentação e vestuário. Propagandas veiculadas nessas mídias estão o tempo todo tentando vender o que não está disponível nas prateleiras: sucesso e felicidade.
O consumismo desenfreado gerado pela mídia em geral foca principalmente adolescentes como alvos principais para as vendas, desenvolvendo modelos de roupas estereotipados, a indústria de cosméticos lançando a cada dia novos cremes e géis redutores para eliminar as “formas indesejáveis” do corpo e a indústria farmacêutica faturando alto com medicamentos que inibem o apetite.
Preocupados com a busca desenfreada da “beleza perfeita” e pela vaidade excessiva, sob influência dos mais variados meios de comunicação, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica apresenta uma estimativa de que cerca de 130 mil crianças e adolescentes submeteram-se no ano de 2009 a operações plásticas.
Evidentemente que a existência de cuidados com o corpo não é exclusividade das sociedades contemporâneas e que devemos ter uma especial atenção para uma boa saúde. No entanto, os cuidados com o corpo não devem ser de forma tão intensa e ditatorial como se tem apresentado nas últimas décadas. Devemos sempre respeitar os limites do nosso corpo e a nós a mesmos.
Orson Camargo
Colaborador do site Brasil Escola
Graduado em Sociologia e Política pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo – FESPSP
Mestre em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP
Disponível em: http://www.brasilescola.com/sociologia/a-influencia-midia-sobre-os-padroes-beleza.htm


II
A busca pelo corpo perfeito
A busca pelo corpo ideal vem ganhando espaço em todas as camadas da sociedade brasileira. A procura é tão grande, que o país já alcançou o segundo lugar no ranking dos países com maior número de cirurgias plásticas. Em Gaspar, nossa equipe de reportagem constatou que a situação é semelhante. Muitas mulheres, e inclusive homens, se arriscam em mesas de cirurgia todos os anos para garantir a conquista do corpo ideal.
Essa busca, garantem os especialistas, não é arriscada, porém, deve ser controlada. Muitas pessoas fazem mais de uma lipoaspiração por ano, por exemplo, fato que pode gerar riscos para a saúde.
Cuidar do corpo e sentir-se bem é um direito e dever de todos, porém, vale lembrar que além das intervenções cirúrgicas, manter uma alimentação saudável e praticar exercícios regularmente, são atitudes que também contribuem para a conquista do corpo ideal e estas, com certeza, não oferecem riscos. Além disso, o corpo ideal só terá validade se a pessoa estiver bem consigo mesma, portanto, cuidar do espírito e da alma também são atitudes importantes.
                        (Fernanda Pereira. Blogger Direto da Redação. 31/07/2008. Disponível em <https://diretodaredacao.wordpress.com/2008/07/31/a-busca-pelo-corpo-perfeito/>. Acesso: 02/04/2015.
Fernanda Pereira tem 26 anos, é jornalista e atua como chefe de redação no Jornal Cruzeiro do Vale, da cidade de Gaspar, SC (informações da época da edição do texto).


CRÔNICA:
O padeiro

Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira no fogo para fazer café e abro a porta do apartamento - mas não encontro o pão costumeiro. No mesmo instante me lembro de ter lido alguma coisa nos jornais da véspera sobre a "greve do pão dormido". De resto não é bem uma greve, é um lock-out, greve dos patrões, que suspenderam o trabalho noturno; acham que obrigando o povo a tomar seu café da manhã com pão dormido conseguirão não sei bem o que do governo.

 Está bem. Tomo o meu café com pão dormido, que não é tão ruim assim. E enquanto tomo café vou me lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. Quando vinha deixar o pão à porta do apartamento ele apertava a campainha, mas, para não incomodar os moradores, avisava gritando:

 - Não é ninguém, é o padeiro!

 Interroguei-o uma vez: como tivera a idéia de gritar aquilo?

 "Então você não é ninguém?"

 Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido. Muitas vezes lhe acontecera bater a campainha de uma casa e ser atendido por uma empregada ou outra pessoa qualquer, e ouvir uma voz que vinha lá de dentro perguntando quem era; e ouvir a pessoa que o atendera dizer para dentro: "não é ninguém, não senhora, é o padeiro". Assim ficara sabendo que não era ninguém...

 Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e se despediu ainda sorrindo. Eu não quis detê-lo para explicar que estava falando com um colega, ainda que menos importante. Naquele tempo eu também, como os padeiros, fazia o trabalho noturno. Era pela madrugada que deixava a redação de jornal, quase sempre depois de uma passagem pela oficina - e muitas vezes saía já levando na mão um dos primeiros exemplares rodados, o jornal ainda quentinho da máquina, como pão saído do forno.

 Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele tempo! E às vezes me julgava importante porque no jornal que levava para casa, além de reportagens ou notas que eu escrevera sem assinar, ia uma crônica ou artigo com o meu nome. O jornal e o pão estariam bem cedinho na porta de cada lar; e dentro do meu coração eu recebi a lição de humildade daquele homem entre todos útil e entre todos alegre; "não é ninguém, é o padeiro!"
E assobiava pelas escadas.

Texto extraído do livro: 
Para gostar de ler, Vol I -Crônicas . Carlos Drummond de Andrade, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Rubem Braga. 12ª Edição. Editora Ática . São Paulo.1989. p.63 - 64.

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Biografia
Rubem Braga (1913-1990) foi cronista, poeta, repórter, tradutor e crítico de artes plásticas.
Escreveu grandes obras como: Casa do Braga, O Conde e o Passarinho eTrês Primitivos .
Tornou-se conhecido do grande público ao escrever crônicas em jornais de grande circulação.
Nesta crônica, Rubem Braga retrata um fato do cotidiano porém a maneira de tratar o fato dá a essa crônica a característica da universalidade que distingue o autor tornando-o um renovador da crônica brasileira.

Texto disponível em: http://tvcultura.cmais.com.br/aloescola/literatura/cronicas/rubembraga.htm



CONTO:

Fita Verde no Cabelo - Nova Velha Estória.

Havia uma aldeia em algum lugar, nem maior nem menor, com velhos e velhas que velhavam, homens e mulheres que esperavam, e meninos e meninas que nasciam e cresciam.
Todos com juízo, suficientemente, menos uma meninazinha, a que por enquanto. Aquela, um dia, saiu de lá, com uma fita verde inventada no cabelo.
Sua mãe mandara-a, com um cesto e um pote, à avó, que a amava, a uma outra e quase igualzinha aldeia.
Fita-Verde partiu, sobre logo, ela a linda, tudo era uma vez. O pote continha um doce em calda, e o cesto estava vazio, que para buscar framboesas.
Daí, que, indo, no atravessar o bosque, viu só os lenhadores, que por lá lenhavam; mas o lobo nenhum, desconhecido nem peludo. Pois os lenhadores tinham exterminado o lobo.
Então, ela, mesma, era quem se dizia:
– Vou à vovó, com cesto e pote, e a fita verde no cabelo, o tanto que a mamãe me mandou.
A aldeia e a casa esperando-a acolá, depois daquele moinho, que a gente pensa que vê, e das horas, que a gente não vê que não são.
E ela mesma resolveu escolher tomar este caminho de cá, louco e longo, e não o outro, encurtoso. Saiu, atrás de suas asas ligeiras, sua sombra também vinha-lhe correndo, em pós.
Divertia-se com ver as avelãs do chão não voarem, com inalcançar essas borboletas nunca em buquê nem em botão, e com ignorar se cada uma em seu lugar as plebeinhas flores, princesinhas e incomuns, quando a gente tanto por elas passa.
Vinha sobejadamente.
Demorou, para dar com a avó em casa, que assim lhe respondeu, quando ela, toque, toque, bateu:
– Quem é?
– Sou eu… – e Fita-Verde descansou a voz. – Sou sua linda netinha, com cesto e pote, com a fita verde no cabelo, que a mamãe me mandou.
Vai, a avó, difícil, disse: – Puxa o ferrolho de pau da porta, entra e abre. Deus te abençoe. Fita-Verde assim fez, e entrou e olhou.
A avó estava na cama, rebuçada e só. Devia, para falar agagado e fraco e rouco, assim, de ter apanhado um ruim defluxo. Dizendo: – Depõe o pote e o cesto na arca, e vem para perto de mim, enquanto é tempo.
Mas agora Fita-Verde se espantava, além de entristecer-se de ver que perdera em caminho sua grande fita verde no cabelo atada; e estava suada, com enorme fome de almoço. Ela perguntou:
– Vovozinha, que braços tão magros, os seus, e que mãos tão trementes!
– É porque não vou poder nunca mais te abraçar, minha neta… – a avó murmurou.
– Vovozinha, mas que lábios, aí, tão arroxeados!
– É porque não vou nunca mais poder te beijar, minha neta… – a avó suspirou.
– Vovozinha, e que olhos tão fundos e parados, nesse rosto encovado, pálido?
– É porque já não estou te vendo, nunca mais, minha netinha… – a avó ainda gemeu.
Fita-Verde mais se assustou, como se fosse ter juízo pela primeira vez. Gritou: – Vovozinha, eu tenho medo do Lobo!…
Mas a avó não estava mais lá, sendo que demasiado ausente, a não ser pelo frio, triste e tão repentino corpo.
      
                                 (ROSA, João Guimarães.  Livros para ler e reler. 13ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.1992)







terça-feira, 26 de maio de 2015

Atividade 3TA - TB - E.E. Profa. Cyrene - 25/05/15

Atividade Produção Textual: Dissertação argumentativa – Dia 25/05/15

Elabore uma dissertação argumentativa (redação) sobre o tema: Preconceito. As pessoas aprendem a odiar as outras pessoas devido a cor da pele, religião ou etnia?
Pense sobre o que Nelson Mandela ensinou sobre o assunto, especialmente na citação abaixo, e o que foi exposto em sala de aula (como as pessoas adquirem preconceito? Elas já nascem assim? Podem mudar? Como?).










Instruções e dicas para redigir a redação:
- Norma padrão da língua (sem gírias, abreviações e “internetês” – linguagem utilizada na internet);
- Desenvolver parágrafos:  Introdução, desenvolvimento, conclusão/solução possível;
- Título (diferente do tema);
- Argumentar, expor ideias e defender sua tese, seu pensamento, opinião;
- Dar uma possível solução ao problema exposto.
- Lembrar que existe “um leitor”, você não escreve para você. Deve persuadir, convencer seu leitor sobre o que pensa.
- Não utilizar “eu” (primeira pessoa), mas eles ou nós. Ser impessoal e imparcial.
- Padrão: de 15 a 30 linhas, à caneta.


Bom Trabalho!




terça-feira, 14 de abril de 2015

Até o Fim - Chico Buarque e Ney Matogrosso - Intertextualidade




Até o Fim (Chico Buarque)
Quando nasci veio um anjo safado
O chato “dum" querubim
E decretou que eu estava predestinado
A ser errado assim

Já de saída a minha estrada entortou
Mas vou até o fim
"inda" garoto deixei de ir à escola
Cassaram meu boletim

Não sou ladrão, eu não sou bom de bola
Nem posso ouvir clarim
Um bom futuro é o que jamais me esperou
Mas vou até o fim

Eu bem que tenho ensaiado um progresso
Virei cantor de festim
Mamãe contou que eu faço um bruto sucesso
Em Quixeramobim
Não sei como o maracatu começou
Mas vou até o fim

Por conta de umas questões paralelas
Quebraram meu bandolim
Não querem mais ouvir as minhas mazelas
E a minha voz chinfrim
Criei barriga, a minha mula empacou
Mas vou até o fim

Não tem cigarro acabou minha renda
Deu praga no meu capim
Minha mulher fugiu com o dono da venda
O que será de mim?
Eu já nem lembro "pronde" mesmo que eu vou
Mas vou até o fim


Como já disse era um anjo safado
O chato dum querubim
Que decretou que eu estava predestinado
A ser todo ruim
Já de saída a minha estrada entortou
Mas vou até o fim


INTERTEXTUALIDADE

Poema de Sete Faces

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus,
                    [pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus,
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma Poesia, 1930)


Com licença poética

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo.  Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

PRADO, Adélia. Bagagem. São Paulo: Siciliano. 1993. p. 11





Texto Revista Exame - Intertextualidade - Charlie Hebdo

REVISTA EXAME
MUNDO  07/01/2015 16:03

As capas de Charlie Hebdo que causaram a ira em extremistas

Cartunista do Charlie Hebdo segura uma capa do jornal
São Paulo – O jornal semanal francês Charlie Hebdo é conhecido por suas charges ácidas e irreverentes. E também pelo tom provocativo com o qual trata de diferentes temas, como religião e política.
A publicação descende de uma revista satírica publicada nos anos 60, chamada “Hara Kiri”. Esta última teve sua circulação banida em 1970 por conta de uma capa que tratava da morte do então presidente francês Charles de Gaulle e que foi considerada ofensiva pelo governo.
Em 1981, Charlie Hebdo encerrou suas atividades, mas foi reaberto cerca de dez anos depois. Já em 2006, ganhou notoriedade ao publicar as famosas charges de Maomé produzidas por um jornal dinamarquês e que fizeram eclodir protestos da comunidade muçulmana em todo o planeta.
O jornal foi processado, mas não condenado, e ganhou um puxão de orelha do presidente do país na época Jaques Chirac. A publicação respondeu ao chamado do governo com uma carta assinada por jornalistas, escritores e intelectuais que se posicionaram contra o extremismo religioso.
Pouco depois, em 2011, a sede do jornal foi alvo de um atentado terrorista logo no dia seguinte à publicação de uma capa que novamente retratava Maomé e dizia “cem chibatadas se você não estiver morto de rir. ” Naquela edição, o jornal mudou o nome para “Charia Hebdo”, numa brincadeira com a palavra “sharia”*, nome que se dá para as leis islâmicas.
No ano seguinte, outra capa de Charlie Hebdo causou a ira dos extremistas e fez com que a França decidisse por fechar embaixadas e escolas francesas espalhadas pelo mundo.
No calor causado pelo filme “A inocência dos muçulmanos”, o jornal publicou uma charge na qual mostrava um muçulmano sendo empurrado em uma cadeira de rodas por um judeu ortodoxo.
“Nosso objetivo é fazer rir”, contou para a revista The New Yorker Laurent Léger, um dos jornalistas de Charlie Hebdo. “Queremos rir dos extremistas, sejam eles muçulmanos, judeus ou católicos. Todo mundo pode ser religioso, mas não podemos aceitar atos extremistas”, disse ele.

*A charia é o corpo da lei religiosa islâmica. O termo significa "caminho" ou "rota para a fonte de água", e é a estrutura legal dentro do qual os aspectos públicos e privados da vida do adepto do islamismo são regulados, para aqueles que vivem sob um sistema legal baseado na fiqh (os princípios islâmicos da jurisprudência) e para os muçulmanos que vivam fora do seu domínio. A charia lida com diversos aspectos da vida cotidiana, bem como a política, economia, bancos, negócios, contratos, família, sexualidade, higiene equestões sociais.

O termo charia deriva do verbo árabe "shara'a" (em árabe: شرع), que está ligado à ideia de um "sistema de lei divina", um "caminho de crença e prática" (Corão 45:18). ( gr