REVISTA EXAME
As capas de Charlie Hebdo que causaram a ira em extremistas
São Paulo – O
jornal semanal francês Charlie Hebdo é conhecido por suas charges ácidas e
irreverentes. E também pelo tom provocativo com o qual trata de diferentes
temas, como religião e política.
A
publicação descende de uma revista satírica publicada nos anos 60, chamada
“Hara Kiri”. Esta última teve sua circulação banida em 1970 por conta de uma
capa que tratava da morte do então presidente francês Charles de Gaulle e que
foi considerada ofensiva pelo governo.
Em 1981,
Charlie Hebdo encerrou suas atividades, mas foi reaberto cerca de dez anos
depois. Já em 2006, ganhou notoriedade ao publicar as famosas charges de Maomé
produzidas por um jornal dinamarquês e que fizeram eclodir protestos da
comunidade muçulmana em todo o planeta.
O jornal
foi processado, mas não condenado, e ganhou um puxão de orelha do presidente do
país na época Jaques Chirac. A publicação respondeu ao chamado do governo com
uma carta assinada por jornalistas, escritores e intelectuais que se
posicionaram contra o extremismo religioso.
Pouco
depois, em 2011, a sede do jornal foi alvo de um atentado terrorista logo no
dia seguinte à publicação de uma capa que novamente retratava Maomé e dizia
“cem chibatadas se você não estiver morto de rir. ” Naquela edição, o jornal
mudou o nome para “Charia Hebdo”, numa brincadeira com a palavra “sharia”*, nome
que se dá para as leis islâmicas.
No ano
seguinte, outra capa de Charlie Hebdo causou a ira dos extremistas e fez com
que a França decidisse por fechar embaixadas e escolas francesas espalhadas
pelo mundo.
No calor
causado pelo filme “A inocência dos muçulmanos”, o jornal publicou uma charge
na qual mostrava um muçulmano sendo empurrado em uma cadeira de rodas por um
judeu ortodoxo.
“Nosso
objetivo é fazer rir”, contou para a revista The New Yorker Laurent Léger, um dos jornalistas de Charlie
Hebdo. “Queremos rir dos extremistas, sejam eles muçulmanos, judeus ou
católicos. Todo mundo pode ser religioso, mas não podemos aceitar atos
extremistas”, disse ele.
Disponíivel em: http://exame.abril.com.br/mundo/album-de-fotos/as-capas-de-charlie-hebdo-que-causaram-a-ira-em-extremistas . Acesso: 12/04/15
*A charia é o corpo da lei religiosa islâmica. O termo significa "caminho" ou "rota para a fonte de
água", e é a estrutura legal dentro do qual os aspectos públicos e privados da vida do adepto do
islamismo são regulados, para aqueles que vivem sob um sistema legal baseado na fiqh (os princípios islâmicos da
jurisprudência) e para os muçulmanos que vivam fora do seu domínio. A charia
lida com diversos aspectos da vida cotidiana, bem como a política, economia, bancos, negócios, contratos, família, sexualidade, higiene equestões sociais.
O termo charia deriva do verbo árabe "shara'a" (em árabe: شرع),
que está ligado à ideia de um "sistema de lei divina", um "caminho de crença e prática" (Corão 45:18). ( gr
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