sábado, 28 de março de 2015

Exposição de Pablo Picasso - CCBB de 25/03 a 08/06/15

Exposição de Pablo Picasso chega a São Paulo  

  • Pablo Ruiz Picasso, Portrait de Dora Maar,  1939. Créditos: Divulgação
    Pablo Ruiz Picasso, Portrait de Dora Maar, 1939. Créditos: Divulgação
  • Pablo Ruiz Picasso,  Femme assise accoudée, 1939. Créditos: Pablo Picasso
    Pablo Ruiz Picasso, Femme assise accoudée, 1939. Créditos: Pablo Picasso
  • Pablo Ruiz Picasso,  Tête de femme (Fernande), 1910. Créditos: Divulgação
    Pablo Ruiz Picasso, Tête de femme (Fernande), 1910. Créditos: Divulgação
  • Pablo Ruiz Picasso, El pintor y la modelo, 1963. Créditos: Divulgação
    Pablo Ruiz Picasso, El pintor y la modelo, 1963. Créditos: Divulgação
Na infância, Pablo Ruiz Picasso ouviu sua mãe dizer: “Se você se tornar um soldado, vai se tornar general. Se você se tornar um monge, vai ser o papa".  Décadas mais tarde, o elogio maternal se concretizou. O jovem espanhol se transformou em um dos mais influentes artistas do século XX.

Para revisitar a produção de Picasso e contextualizar sua influência na Espanha, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) apresenta Picasso e Modernidade Espanhola. A exposição conta com noventa obras cedidas pelo Museo Reina Sofía, uma das mais importantes instituições de arte do mundo.

Dentre as obras clássicas de Picasso que serão exibidas, estão Cabeça de Mulher  (1910), Busto e Paleta (1932), Retrato de Dora Maar (1939) e o Pintor e a Modelo (1963). Como anunciado, a exposição contará também com trabalhos de importantes artistas espanhóis, como Juan Gris, Joan Miró e Salvador Dalí.

A relação entre Picasso e seus conterrâneos será feita por meio de oito núcleos. Em cada um deles, será abordado um aspecto da produção do mestre espanhol. Dentre as seções da exposição, haverá ainda um espaço dedicado à Guernica, a mais conhecida obra de Picasso. Por meio de esboços e estudos, os visitantes poderão conhecer o processo criativo do artista.

Picasso e Modernidade Espanhola  entra em cartaz no dia 25 de março  e segue aberta à visitação até 8 de junho. Depois, a exposição segue para o Rio de Janeiro, onde será exibida de 24 de junho a 7 de setembro. Nas duas cidades, a entrada é gratuita. 

Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo - Rua Álvares Penteado, 111 - Centro, São 


Texto disponível em:  http://www.obeijo.com.br/roteiro/museus__espacos_culturais/exposicao_de_pablo_picasso_chega_a_sao_paulo_25032015

Acesso: 28/03/15

quarta-feira, 18 de março de 2015

Fita Verde no cabelo. Nova Velha Estória.

Fita Verde no Cabelo - Nova Velha Estória - , de João Guimarães Rosa.


Havia uma aldeia em algum lugar, nem maior nem menor, com velhos e velhas que velhavam, homens e mulheres que esperavam, e meninos e meninas que nasciam e cresciam.
Todos com juízo, suficientemente, menos uma meninazinha, a que por enquanto. Aquela, um dia, saiu de lá, com uma fita verde inventada no cabelo.
Sua mãe mandara-a, com um cesto e um pote, à avó, que a amava, a uma outra e quase igualzinha aldeia.
Fita-Verde partiu, sobre logo, ela a linda, tudo era uma vez. O pote continha um doce em calda, e o cesto estava vazio, que para buscar framboesas.
Daí, que, indo, no atravessar o bosque, viu só os lenhadores, que por lá lenhavam; mas o lobo nenhum, desconhecido nem peludo. Pois os lenhadores tinham exterminado o lobo.
Então, ela, mesma, era quem se dizia:
– Vou à vovó, com cesto e pote, e a fita verde no cabelo, o tanto que a mamãe me mandou.
A aldeia e a casa esperando-a acolá, depois daquele moinho, que a gente pensa que vê, e das horas, que a gente não vê que não são.
E ela mesma resolveu escolher tomar este caminho de cá, louco e longo, e não o outro, encurtoso. Saiu, atrás de suas asas ligeiras, sua sombra também vinha-lhe correndo, em pós.
Divertia-se com ver as avelãs do chão não voarem, com inalcançar essas borboletas nunca em buquê nem em botão, e com ignorar se cada uma em seu lugar as plebeinhas flores, princesinhas e incomuns, quando a gente tanto por elas passa.
Vinha sobejadamente.
Demorou, para dar com a avó em casa, que assim lhe respondeu, quando ela, toque, toque, bateu:
– Quem é?
– Sou eu… – e Fita-Verde descansou a voz. – Sou sua linda netinha, com cesto e pote, com a fita verde no cabelo, que a mamãe me mandou.
Vai, a avó, difícil, disse: – Puxa o ferrolho de pau da porta, entra e abre. Deus te abençoe. Fita-Verde assim fez, e entrou e olhou.
A avó estava na cama, rebuçada e só. Devia, para falar agagado e fraco e rouco, assim, de ter apanhado um ruim defluxo. Dizendo: – Depõe o pote e o cesto na arca, e vem para perto de mim, enquanto é tempo.
Mas agora Fita-Verde se espantava, além de entristecer-se de ver que perdera em caminho sua grande fita verde no cabelo atada; e estava suada, com enorme fome de almoço. Ela perguntou:
– Vovozinha, que braços tão magros, os seus, e que mãos tão trementes!
– É porque não vou poder nunca mais te abraçar, minha neta… – a avó murmurou.
– Vovozinha, mas que lábios, aí, tão arroxeados!
– É porque não vou nunca mais poder te beijar, minha neta… – a avó suspirou.
– Vovozinha, e que olhos tão fundos e parados, nesse rosto encovado, pálido?
– É porque já não estou te vendo, nunca mais, minha netinha… – a avó ainda gemeu.
Fita-Verde mais se assustou, como se fosse ter juízo pela primeira vez. Gritou: – Vovozinha, eu tenho medo do Lobo!…
Mas a avó não estava mais lá, sendo que demasiado ausente, a não ser pelo frio, triste e tão repentino corpo.


Extraído do livro Meus primeiros contos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, Antologia de Contistas 


Intertextualidade - Drummond x Adélia Prado

INTERTEXTUALIDADE


Poema de Sete Faces

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus,
                    [pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus,
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma Poesia, 1930)

Com licença poética

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo.  Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

PRADO, Adélia. Bagagem. São Paulo: Siciliano. 1993. p. 11



Meus Dois Amores - Trailer Oficial

terça-feira, 17 de março de 2015

Guimarães Rosa e o filme "Meus dois amores"

Edição do dia 15/03/2015
15/03/2015 22h46 - Atualizado em 15/03/2015 22h46

Me Leva Brasil mergulha no universo do poeta Guimarães Rosa

Lima Duarte visita museu do poeta em Cordisburgo, em Minas Gerais. Cidade parou para ver o filme ‘Meus dois amores’, baseado em um conto do poeta.


Minas Gerais é o estado de João Guimarães Rosa, um dos mais importantes escritores do Brasil.
“Ele é talvez a figura que mais tenha se destacado na literatura brasileira no século XX”, afirma o professor de Literatura da UFRJ.
Foi ele que escreveu ‘Grande Sertão: Veredas’; O livro virou minissérie, na TV Globo, em 1985.
E para conhecer o lugar onde esse gênio nasceu, o Me Leva Brasil foi até Cordisburgo, que fica 120 quilômetros ao norte de Belo Horizonte.
A cidadezinha parou na noite deste sábado (14) para ver o filme ‘Meus dois amores’, baseado em um conto de Guimarães Rosa. Na história, Manuel, interpretado por Caio Blat, é um homem dividido entre os dois amores: a mula Beija-Fulô e Dasdô, vivida por Maria Flor.
Manuel é filho de Nhô Peixoto, papel do grande Lima Duarte. E foi nessa companhia ilustre que o Me Leva visitou a casa de Guimarães Rosa onde funciona um museu.
“Isso aqui era um armazém do pai do Guimarães. E o velho ficava aqui, pai do Guimarães, vendendo querosene, linha, carretel. E o Guimarães pequenininho ficava entre o armazém e as boiadas”, conta Lima Duarte.
Por isso o Salvador, dono de um barzinho, improvisou um glossário, uma lista para traduzir algumas palavras inventada por Guimarães.
Confira a reportagem completa no vídeo :  http://g1.globo.com/fantastico/quadros/me-leva-brasil/noticia/2015/03/me-leva-brasil-mergulha-no-universo-do-poeta-guimaraes-rosa.html 

Disponível em: http://g1.globo.com/fantastico/quadros/me-leva-brasil/noticia/2015/03/me-leva-brasil-mergulha-no-universo-do-poeta-guimaraes-rosa.html  .  Acesso: 17 de março de 2015.
Leia o conto que serviu de inspiração para o filme, "Corpo fechado", acessando o  link:   http://pt.scribd.com/doc/258822810/Corpo-Fechado-Conto#