“Tieta” 25 Anos: Entenda a razão do sucesso desse clássico da dramaturgia
Publicado hoje às 9h58 por Daniel Ribeiro
http://rd1.ig.com.br/tieta-25-anos-entenda-a-razao-do-sucesso-desse-classico-da-dramaturgia/
Na última semana, um dos maiores clássicos da dramaturgia brasileira completou 25 anos de história. Escrita por Aguinaldo Silva, Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares, “Tieta” rebate a própria teoria de seu autor principal ao afirmar que novela é um produto descartado, assim como ‘jornal de ontem’. Baseada na obra de Jorge Amado, a trama conquistou várias gerações e entrou para a história da televisão brasileira como um dos maiores sucessos do segmento.
História principal
“Tieta” foi protagonizada por Betty Faria. No passado, a personagem, interpreta por Cláudia Ohana, tinha um comportamento liberal e foi expulsa de casa pelo pai Zé Esteves (Sebastião Vasconcelos). 25 anos mais tarde, ela retorna à Santana do Agreste, rica e exuberante, e com o desejo de se vingar da família. A chegada da personagem causa um alvoroço na cidadezinha, e ela percebe que mesmo depois de muito tempo, a hipocrisia continua reinando por lá.
Perpétua e seu grande segredo
Falsa cristã, Perpétua (Joana Fomm) foi quem provocou a expulsão de Tieta no passado. Com a volta da irmã, agora endinheirada, a vilã faz de tudo para aproximar-se dela, e comete todos os pecados possíveis, sempre usando a defesa da família como argumento. Perpétua chegou a oferecer seu primeiro filho, Ricardo (Cássio Gabus Mendes) à igreja. Apesar de ter se casado com um militar, ela de fato nunca conheceu o prazer e vivia enlutada.
Um dos grandes mistérios da trama foi o objeto misterioso que a vilã sempre escondia dentro de uma caixa. No final, ficou subentendido que a personagem guardava, embalsamado, o órgão genital do marido, já falecido, como consolo. A cena em que Tieta arranca a peruca de Perpétua no último capítulo, revelando que a beata era careca, tornou-se um marco na história da dramaturgia brasileira.
Personagens inesquecíveis
“Tieta” rendeu uma coleção de personagens-tipo na dramaturgia. A ‘Mulher de Branco’, por exemplo, virou uma lenda na pacata cidade. A assombração atormentava vários homens do local. E quem estava por trás do mistério era Laura (Cláudia Alencar), mulher do capitão Dário (Flávio Galvão). A revelação de que a ninfomaníaca traia o marido com vários homens gerou um escândalo.
Perpétua não era a única beata hipócrita da cidadezinha. Amorzinho (Lília Cabral) e Cinira (Rosane Gofman) eram duas ‘moças de família’ que escondiam um ‘fogaréu’ debaixo das saias. As brigas e fofocas das duas divertiam o público.
A história de Ascânio (Reginaldo Faria), um político idealista que queria trazer o progresso para o sertão do Agreste, e do Bafo de Bode (Bemvindo Siqueira), um mendigo atrevido, desbocado e que dizia misérias para todo mundo, também se destacaram na história.
Relembre alguns dos personagens marcantes:
Polêmicas
“Tieta” foi a primeira novela da Globo exibida após a Censura e ousou ao trazer uma mulher nua logo na abertura, algo impensável nos dias de hoje. O fanatismo religioso endossava os temas polêmicos da história. O pastor Hilário (Jorge Dória) vivia explorando os moradores de Santana do Agreste ao cobrar altos dízimos.
A pedofilia também foi retratada na trama, por meio do coronel Artur da Tapitanga (Ary Fontoura), que seduzia suas “rolinhas” para irem à sua fazenda em troca de comida e alfabetização.
Curiosidades
O diretor Reynaldo Boury começou a gravar a trama 40 dias antes de sua estreia. Na época, isto aconteceu porque Boni resolveu transferir “Barriga de Aluguel” para a faixa das 18h, e ordenou a produção de “Tieta” para às 20h.
A interpretação de Joana Fomm gerou dúvida e muitos acreditavam que ela deveria mudar o tom da Perpétua, mas a linguagem circense fez da personagem uma vilã inesquecível e foi um divisor de águas na carreira da atriz.
Betty Faria estava na trama que antecedeu “Tieta”, “O Salvador da Pátria” (1989), e por isso só estreou no folhetim no capítulo 20. A atriz, em declaração ao “Memória Globo”, lembrou que negociou pessoalmente a compra dos direitos de produção da história com o autor Jorge Amado.
Disponível em: <http://rd1.ig.com.br/tieta-25-anos-entenda-a-razao-do-sucesso-desse-classico-da-dramaturgia/> . Acesso: 22/08/2014.
-------------------------------------------------------------------------------------------------------
Jorge Amado publicou o livro em 1977.
TIETA DO AGRESTE |
Fogosa pastora de cabras e namoradora de homens, a adolescente Tieta é surrada pelo pai e expulsa de Santana do Agreste graças à delação de suas aventuras eróticas por parte da irmã mais velha, a pudica e reprimida Perpétua. Um quarto de século depois, rica quarentona, Tieta retorna em triunfo ao vilarejo, no interior da Bahia. Com dinheiro e influência política, ajuda a família e traz benefícios à comunidade, entre eles a luz elétrica.
Para os parentes e amigos de Agreste, Tieta enriqueceu no sul ao se casar com um industrial e comendador. Mas aos poucos o narrador vai plantando no leitor a dúvida, o descrédito, até revelar a história oculta da protagonista: Tieta se prostituíra e virara cafetina em São Paulo, razão de sua riqueza e de seu trânsito entre os poderosos. Nesse acerto de contas com o passado, ela acaba se envolvendo na acirrada disputa em torno do futuro do lugarejo. Publicado em 1977, o romance foi adaptado com sucesso para a televisão e o cinema. A narrativa descontínua, feita de avanços, recuos e mudanças do ponto de vista, atesta a maturidade literária de Jorge Amado e mantém até hoje o impacto e o frescor.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário